terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os efeitos da genética no sono



Predisposição influencia até mesmo na quantidade de horas que uma pessoa deve dormir.

Acordar cedo para algumas pessoas é um suplício. Já outras garantem que bastam algumas poucas horinhas de sono para poder encarar uma nova jornada. Reclamações sobre ter hora para acordar ou declarações de quem vira a noite trabalhando podem até parecer, a princípio, desculpa de quem é preguiçoso ou papo de workaholic. Mas a ciência garante que não.

Segundo o professor de Otorrinolaringologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor do livro Viver sem Roncos: Como Evitar os Distúrbios Respiratórios do Sono, Lucas Neves de Andrade Lemes, tendências genéticas determinam se o indivíduo será mais matutino ou mais vespertino. As pessoas que têm muito mau humor pela manhã são principalmente as vespertinas que necessitam acordar cedo e ficam privadas de sono, uma vez que só conseguem deitar tarde.

Lemes alerta que, por causa dessa predisposição natural, antes de escolher um trabalho, o candidato deve prestar atenção ao horário da jornada. “Quem não gosta de acordar cedo não deve nem pensar em ser militar, por exemplo.”

A genética também é responsável pela quantidade de horas que uma pessoa precisa dormir por dia, embora a duração do sono também sofra influência de outros fatores, como idade, latitude e estação do ano. Um estudo, que acaba de ser publicado na revista europeia Molecular Psychiatry, concluiu que pessoas que têm o gene ABCC9 precisam de 30 minutos a mais por dia de sono do que quem não possui o gene.

Em geral, a média de tempo de sono da população é de sete horas e 30 minutos, mas há os extremos, que devem ser respeitados. “Quem necessita de quatro horas de sono não deve se forçar a dormir seis achando que faz bem”, diz Lemes.

Quanto mais a pessoa envelhece, menos horas de sono ela necessita. Lemes lembra que é difícil acharmos um idoso que dorme oito horas por dia: “Já os adolescentes precisam, em tese, dormir uma ou duas horas a mais que os adultos. Mas os jovens tendem a querer ficar vendo TV ou navegando na internet até tarde. Por isso, muitos ficam extremamente cansados”, afirma o especialista, acrescentando que a secreção do hormônio do crescimento acontece em uma das fases do sono profundo, o que contribui para que bebês e crianças durmam mais.

De acordo com Lemes, devemos acordar e dormir sempre nos mesmos horários, mas é possível dar uma força para o organismo se adaptar a situações de mudança na rotina, como o início do horário de verão, uma viagem internacional para um país com fuso muito diferente, etc. Para isso, é preciso disciplina: não adianta acordar cedo durante a semana, e dormir até tarde aos sábados e domingos.

Outra dica para despertar melhor é levantar, abrir a janela e encarar a luz solar. A claridade inibe a liberação do hormônio melatonina – secretado pelo organismo principalmente por volta das 23h e de forma secundária às 14h –, que baixa a temperatura corporal e induz à sonolência: “Por isso, sentimos sono no início da tarde, apesar de muita gente achar que é por conta do almoço. Ficar num quarto escuro e fechado pela manhã só vai dar mais vontade de ficar na cama”, diz Lemes.

O secretário do Departamento de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, Luciano Ribeiro Júnior, considera que não há como atenuar o cansaço da falta de sono. “Temos que dormir uma quantidade de horas de sono própria para cada pessoa e procurar ir para a cama atendendo nosso ritmo, além de ter uma boa qualidade de sono. Não existe como atenuar uma privação de sono, a não ser dormir. O sono só será reposto na noite subsequente.”

Comer corretamente é um dos fatores que contribuem para uma boa noite de sono. Segundo a nutricionista da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Gisela Peres, a alimentação equilibrada no decorrer do dia é fundamental para uma noite bem dormida. “Não é aquele café, antes de dormir que nos faz perder o sono, e sim o somatório deles no decorrer do dia.”

Gisela explica que não se deve dormir de estômago vazio. Quem não tem problema de refluxo deve ingerir chás de frutas ou ervas, frutas de fácil digestão (como maçã, pêra, pêssego) e leite, de preferência desnatado e morno, com canela ou puro. “Um copo de água na temperatura ambiente também vai propiciar um sono tranquilo. Agora, queijos, biscoitos amanteigados, café, chá preto, chá verde, chocolates e frutas como abacaxi e banana devem ser evitados.”

Publicação originalmente: http://opiniaoenoticia.com.br/









Postado por: Leonardo Araújo

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