quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dieta dos brasileiros tem excesso de gordura saturada

Brasília – Estudo divulgado nesta terça-feira, 10 de abril, pelo Ministério da Saúde, indica que a população brasileira se alimenta de forma inadequada e consome gordura saturada em excesso. Dados mostram que 34,6% não dispensam carne gordurosa, enquanto 56,9% das pessoas bebem leite integral regularmente. Outro fator preocupante é o consumo de refrigerante: 29,8% dos brasileiros tomam a bebida pelo menos cinco vezes por semana.

A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta também que o consumo de frutas e hortaliças no país é baixo. Apenas 20,2% das pessoas ingerem cinco ou mais porções por dia, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com o Ministério, os homens, sobretudo os mais jovens, alimentam-se pior que as mulheres, já que não costumam tirar a pele do frango ou a gordura da carne vermelha antes de comer. A população masculina chega a consumir quase duas vezes mais carne com excesso de gordura do que as mulheres – 45,9% contra 24,9%.

O consumo de frutas e hortaliças também é menor entre o sexo masculino. Apenas 25,6% deles ingerem esses alimentos cinco ou mais vezes por semana. O percentual cai para 16,6% quando considerada a recomendação da OMS. Entre as mulheres, os índices são de 35,4% e 23,3%, respectivamente.

A ingestão de refrigerante também é maior entre a população masculina: 34,3% dos homens tomam a bebida no mínimo cinco vezes por semana, enquanto o percentual entre as mulheres é 25,9%.

Dados da pasta revelam, entretanto, que, com o passar dos anos, o brasileiro tende a diminuir a ingestão de gordura saturada e de refrigerante. Entre homens de 18 a 24 anos, 51% consomem regularmente carne com gordura. O número cai para 27,6% entre aqueles com idade superior a 65 anos.

O grau de instrução também influencia os hábitos alimentares da população – quanto mais anos de escolaridade, mais saudável é a alimentação. Frutas e hortaliças, por exemplo, estão presentes no cardápio de 44,5% dos brasileiros com 12 anos de estudo ou mais. O percentual cai para 27,5% entre pessoas que estudaram no máximo oito anos.


*Publicado originalmente em Agência Brasil e retirado da Carta Capital.

Fonte: http://envolverde.com.br/saude/brasil-saude/dieta-dos-brasileiros-tem-excesso-de-gordura-saturada/
Postado por: Leonardo Araújo


Consumismo aumenta depressão e ansiedade, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Northwestern University, nos Estados Unidos, publicada na segunda-feira, 9 de abril, apontou que as pessoas que dão alto valor para riqueza, status e bens materiais são mais depressivas, ansiosas e menos sociáveis do que as pessoas que não se importam tanto com essas questões.

Segundo o estudo, publicado no jornal científico Psychological Science, o materialismo não é apenas um problema individual, mas também ambiental. “Nós descobrimos que, independentemente da personalidade, em situações que ativam uma mentalidade consumista, as pessoas apresentam os mesmos tipos de padrões problemáticos no bem-estar, incluindo afeto negativo e desengajamento social”, destacou a psicóloga Galen V. Bodenhausen, coautora do estudo.

Nos experimentos, estudantes universitários foram expostos a imagens e palavras que remetiam a bens de luxo e valores consumistas, enquanto outros viam cenas neutras e sem essa conotação.

Ao preencher um questionário após a experiência, aqueles que olharam para fotos de carros, produtos eletrônicos e joias se avaliaram mais depressivos e ansiosos, menos interessados em atividades coletivas e mais em atividades solitárias. Estas pessoas ainda demonstraram mais competitividade e menos desejo de investir seu tempo em atividades sociais, como trabalhar para uma boa causa.

Para a psicóloga, os resultados da pesquisa têm implicações sociais e pessoais muito grandes. Segundo Galen, tornou-se comum usar o termo “consumidor” como uma designação genérica para as pessoas, seja nos noticiários, nos governos ou nos mercados. Para ela, utilizar a palavra “cidadão”, no lugar, já pode ativar “diferentes preocupações psicológicas”.

Galen também recomenda iniciativas pessoais para reduzir os efeitos do consumismo, como isolar a mentalidade materialista, evitar os maus estímulos, como a publicidade, e “ver menos TV”.

* Publicado originalmente no site EcoD.

Fonte: http://envolverde.com.br/saude/pesquisa/consumismo-aumenta-depressao-e-ansiedade-diz-pesquisa/

Postado por: Leonardo Araújo
(EcoD)



AVC pode desencadear a Doença de Parkinson

Tremores, rigidez muscular e lentidão nos movimentos são os principais sintomas.

Em abril de 2005, o mundo observou o Papa João Paulo II, aos 84 anos, já debilitado e com dificuldades na fala, abençoar os fiéis no Domingo de Páscoa pela última vez. Já o ator brasileiro Paulo José, 75 anos, vem perdendo gradativamente a dicção e alguns movimentos do corpo, além de travar uma batalha diária contra uma doença com a qual foi diagnosticado em 1992. Instituído em 11 de abril, o Dia Mundial de Combate à Doença de Parkinson, objetiva reduzir o número de casos e auxiliar no controle e minimização dos efeitos.

As pessoas com mais de 70 anos são as mais atingidas pelo Parkinson, porém, a incidência da doença pode ter início a partir dos 50 anos, visto que a enfermidade é degenerativa e surge com a longevidade, segundo o doutor Rubens Gagliardi, professor de Neurologia da Faculdade da Santa Casa de São Paulo. “As causas do Parkinson ainda são desconhecidas; o que se sabe é que ela ocorre por meio da degeneração das células situadas em uma região do cérebro responsável pela produção de dopamina”, revela.

A dopamina atua como uma molécula que modula os movimentos do indivíduo. Uma vez advinda a diminuição ou carência dessa substância, a vítima demonstra sintomas como tremores, rigidez muscular e movimentos muito lentos. Em alguns casos, o paciente pode apresentar esses três indícios juntos ou apenas um deles, dependendo também do grau da patologia.

“Alguns fatores ambientais, como infecções e pessoas que já tiveram um Acidente Vascular Cerebral (AVC), podem desencadear o Parkinson”, alerta o especialista. Quando há o aumento gradual dos sintomas, é comum surgir quadros de depressão, dificuldade para deglutir alimentos, contudo, não afeta o intelecto.

Controle

A doença não tem cura, mas pode ser controlada rigorosamente por meio de medicamentos à base de dopamina, que auxilia na redução dos efeitos. O ideal é que o paciente utilize substâncias que provoquem o menor efeito colateral possível, após o diagnóstico clínico no qual o especialista relata e avalia o histórico do indivíduo, a evolução da patologia e a resposta aos remédios.

“É essencial que a pessoa com Parkinson não deixe de realizar atividades rotineiras. Com o tratamento adequado, os sintomas da doença são minimizados e o sujeito leva uma vida praticamente normal”, diz o Dr. Rubens Gagliari. A prática de exercícios físicos, a fisioterapia e o sono adequado também são medidas preventivas não apenas para a doença de Parkinson, mas para muitas outras.

* Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.

Postado por: Leonardo Araújo


Casos de demência vão triplicar em quatro décadas, diz OMS

Em 2050, a agência de saúde prevê que 115 milhões de pessoas vão sofrer de demência, principalmente em países de baixa ou média renda.

Casos de pessoas que vivem com demência vão dobrar nos próximos 20 anos e triplicar nas próximas quatro décadas, de acordo com novos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Associated Press relata que os cientistas dizem que a maior expectativa de vida e a melhor assistência médica nos países em desenvolvimento vão resultar em um aumento nas taxas de doenças cerebrais, que afetou cerca de 35,6 milhões de pessoas em 2010. Em 2050, a agência de saúde prevê que 115 milhões de pessoas vão sofrer de demência, principalmente em países de baixa ou média renda.

A inclinação íngreme da taxa de demência vai também se revelar um fardo financeiro para as famílias que cuidam de seus familiares afetados. Cerca de US$ 604 bilhões são gastos atualmente em cuidados de saúde e social da demência, que muitas vezes é causada pela doença de Alzheimer.

A agencia de notícias Reuters aponta que o diagnóstico e cuidados com a demência ainda são um problema internacional, mesmo em países de renda mais alta. Até agora, oito países, incluindo Grã-Bretanha e Japão, têm programas nacionais de demência. O programa dos Estados Unidos atualmente funciona por meio de iniciativas estaduais.

“Precisamos aumentar nossa capacidade para detectar a demência precoce e fornecer os cuidados de saúde e sociais necessários. Muito pode ser feito para diminuir a carga da demência”, disse Oleg Cherstnov, diretor-geral assistente da OMS. “Os profissionais da saúde muitas vezes não são adequadamente treinados para reconhecer a doença.”

* Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.


Postado por: Leonardo Araújo





Memória e autoconfiança: uma nova estratégia para tratamento do TOC?

Você se lembrou de trancar a porta ao sair de casa hoje? Desligou a televisão e o fogão? E as luzes, você confirmou se elas estavam desligadas? Todos temos estas dúvidas de vez em quando, mas quando elas não cessam e fazem com que seu dia fique completamente comprometido você não se concentra, sua ansiedade aumenta e você tem uma vontade intensa de voltar para casa para se certificar disso – isto pode ser sinal de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

O TOC faz com que as pessoas entrem em um ciclo de dúvidas, e consequente medo de não terem realizado determinadas rotinas de forma correta. Mas uma pesquisa feita pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá – em conjunto com a Universidade de Reading, no Reino Unido –, afirma que há novas estratégias que podem ajudar indivíduos que sofrem com o transtorno.

O estudo feito por Adam Radomsky aponta que até o momento apenas processos de psicoterapia relativamente longos conseguiam a remissão do TOC. “Mas a adesão (quando os pacientes levam o tratamento até o final) a esse tipo de terapia muitas vezes é baixa e nossa pesquisa procurou novas metodologias que, potencialmente, podem auxiliar no tratamento”, diz o pesquisador.

A pesquisa partiu da hipótese de que indivíduos com TOC muitas vezes têm uma percepção de responsabilidade muito desenvolvida. “Certificar-se de que o fogão está desligado, porque isso pode levar a um incêndio é algo muito forte, e desenvolver um ciclo obsessivo com a segurança – checando várias vezes uma informação – é reflexo desta ‘hiperresponsabilidade’”, afirma. Mas a resposta a esses estímulos de forma obsessiva leva também a uma perda da autoconfiança, de acordo com o autor.

“Modificar estes sentimentos de responsabilidade exagerada e reduzir a antecipação de eventos ruins podem reverter esses ciclos. Focar na forma como estas pessoas pensam, mais do que nas suas atitudes, pode modificar as falsas crenças sobre sua responsabilidade por esses possíveis eventos e os perigos que eles representam”, afirma Radomsky, que vem desenhando novas estratégias para tratar o TOC baseando-se em uma terapia que normalize o senso de responsabilidade, melhore a confiança na própria memória – ou seja, diminua a necessidade de checar várias vezes uma informação –, melhorando a autoconfiança e diminuindo a sensação de culpa, e, finalmente, aumentando a percepção do indivíduo sobre si mesmo e sobre o que o cerca.

Até o momento a terapia proposta por Radomsky só foi testada em laboratório com um número reduzido de pacientes, mas parece estar dando resultados. “Para mim e para minha equipe, este trabalho – que partiu de uma coletânea de diversas pesquisas anteriores com resultados bastante satisfatórios – pode aumentar as taxas de melhora nos pacientes com TOC. Agora iremos ampliá-lo para confirmar nossos primeiros resultados positivos”, finaliza.

* Publicado originalmente no site O que eu tenho.


Postado por: Leonardo Araújo




Bicicleta: saúde sobre duas rodas

A discussão sobre o uso da bicicleta como meio de transporte tem ganhado corpo nos últimos tempos. A opção é benéfica para o meio ambiente – pois não produz os gases resultantes da queima do combustível – e para a malha urbana, que sofre com o aumento no número de carros nas ruas e avenidas. Mas além de uma opção ao transporte motorizado, o uso da bicicleta promove benefícios para a saúde e pode ajudar a promover mudanças no estilo de vida sedentário.


“Andar de bicicleta beneficia o sistema cardiovascular e respiratório, disto ninguém tem dúvida. Entretanto, é bom lembrar os outros ganhos com este tipo de exercício: o uso da bicicleta para movimentar o corpo trabalha toda a musculatura inferior do corpo”, explica Giulliano Esperança, personal trainer e wellness manager.

“Mas, ao contrário da corrida onde há o impacto no solo”, completa o especialista, “o ciclista acaba mais protegido quanto aos possíveis problemas que possam comprometer sua estrutura músculo-esquelética. O trabalho de força utilizado e os movimentos mecânicos usados para movimentar a bicicleta também favorecem a produção do líquido sinovial e, consequentemente, favorece as estruturas ósseas e uma articulação mais saudável”.

Além de todos estes benefícios há também, claro, a questão do aumento do gasto energético, o que favorece o emagrecimento. “As variações feitas indoor, como o spinning – que é uma variação dos exercícios feitos com bicicleta – é popularmente conhecido por ser muito efetivo para essa perda ou controle do peso. E a mesma força pode ser feita em uma bicicleta normal, com variações de marchas e em um ambiente ao ar livre”, explica Giulliano.

Bicicleta também na terceira idade

Para as pessoas mais velhas o uso da “bike” ajuda também no treino e melhoria do equilíbrio que, com a idade, tende a ficar comprometido. Caso o ciclista já tenha uma idade mais avançada e tenha preocupações quanto às quedas, o uso das bicicletas ergométricas dentro das academias também é uma opção.

“Normalmente este público opta por exercícios feitos dentro d’água, pois há uma grande segurança e menor risco de queda. Mas os exercícios como a hidroginástica, é bom lembrar, são menos intensos também. A bicicleta – mesmo as ergométricas – trazem maiores benefícios para o músculo”, diz Esperança.

No caso dos ossos, os exercícios feitos nas bicicletas – tradicionas ou ergométricas – aumentam o processo de depósito de cálcio das estruturas ósseas. Para os idosos isto é imprescindível, dado a degradação natural dessas estruturas.

Boas memórias e bem-estar
Fonte: http://envolverde.com.br/saude/qualidade-de-vida-saude/bicicleta-saude-sobre-duas-rodas/
Postado por: Leonardo Araújo

Comer uvas passas ajuda a controlar a pré-hipertensão

Se você tiver a pressão arterial um pouco mais alta do que o normal – conhecida como pré-hipertensão – experimente comer um punhado de uvas passas. Um novo estudo mostra que, entre indivíduos com aumentos ligeiros da pressão arterial, comer passas até três vezes ao dia pode reduzir significativamente a pressão arterial.


“Afirma-se frequentemente como um fato conhecido que as passas diminuem a pressão arterial. Mas não conseguimos encontrar evidências objetivas na literatura médica para apoiar essa afirmação”, explica Harold Bays, diretor médico e presidente do Centro de Pesquisa de Metabolismo e Aterosclerose de Louisville e principal autor do estudo. “Entretanto, nosso estudo sugere que se você pode escolher entre passas ou outros petiscos como bolachas e biscoitos de chocolate, você deve optar pelas passas, pelo menos com relação à pressão arterial”.

Nesta pesquisa, divulgada no encontro Anual Científico da Agremiação Americana de Cardiologia, em Chicago, nos Estados Unidos, Bays e sua equipe conduziram um ensaio clínico para comparar os efeitos entre comer passas ou outros lanches em 46 homens e mulheres com pré-hipertensão.

Os participantes foram selecionados aleatoriamente e divididos em três grupos. Durante 12 meses alguns participantes comeram passas, outros frutas e verduras, e outros lanches industrializados três vezes ao dia. O número de calorias era o mesmo e os pesquisadores controlaram diferenças individuais, como a dieta de cada participante e se eram mais ou menos ativos.

A análise dos dados revelou que, em comparação aos demais, aqueles que comeram passas apresentaram uma redução significativa da pressão arterial nas semanas 4, 8 e 12. Os pesquisadores não conseguiram, entretanto, determinar como as passas atuam no organismo, mas acreditam que isso se deva aos elevados níveis de potássio, nutriente conhecido por reduzir a pressão arterial. “Elas também são uma boa fonte de fibra dietética antioxidante que podem alterar favoravelmente a bioquímica dos vasos sanguíneos, fazendo com que sejam menos rígidos o que, por sua vez, pode reduzir a pressão sanguínea.”

Apesar dos benefícios claros que o estudo apontou, Bays lembra que estudos mais amplos são necessários para confirmar o efeito regulador da uva passa na pressão arterial.

* Publicado originalmente no site O que eu tenho.
Fonte: http://envolverde.com.br/saude/dicas/comer-uvas-passas-ajuda-a-controlar-a-pre-hipertensao/
Postado por: Leonardo Araújo



domingo, 15 de abril de 2012

A perpetuação da pobreza

As periferias das cidades brasileiras parecem umas com as outras: casas sem reboco, grades de segurança, fios elétricos emaranhados, vira-latas e criançada na rua. Há 13 anos faço programas de saúde para a televisão. Procuro gravá-los nos bairros mais distantes, por uma razão óbvia: lá vivem os que mais precisam de informações médicas.


Esta semana, como parte de uma série sobre primeiros socorros, gravamos a história de um menino de 2 anos que abriu sozinho a porta do forno, subiu nela e puxou do fogo o cabo de uma panela cheia de água fervente. A queimadura foi grave, passou duas semanas internado no hospital do Tatuapé, em São Paulo. Situada na periferia de Itaquera, a casa ocupava a parte superior de uma construção de dois andares. Subi por uma escada metálica inclinada e com degraus tão estreitos, que precisei fazê-lo com os pés virados de lado.
A porta de entrada dava numa cozinha com o fogão, a geladeira, as prateleiras com as panelas e uma pequena mesa. Um batente sem porta separava-a do único quarto, em que havia dois beliches, um guarda-roupa e uma divisória de compensado que não chegava até o teto, atrás da qual ficava a cama em que dormiam o pai e a mãe.
Nesse espaço exíguo viviam dez pessoas: o casal, seis filhos e dois netos. Os filhos formavam uma escadinha de 2 a 17 anos; os netos eram filhos das duas mais velhas, que engravidaram solteiras. O único salário vinha do pai, pedreiro. Por falta de pagamento, a luz tinha sido cortada há dois meses, os 300 reais da dívida a família não sabia de onde tirar.
No fim da gravação perguntei à mãe, uma mulher de 38 anos que pareciam 60, por que tantas crianças. Disse que o marido não gostava de camisinha, e que a existência dos netos não fora planejada, porque “essas meninas de hoje não têm juízo”.
Na periferia do Recife, de Manaus, de Cuiabá ou Porto Alegre a realidade é a mesma: a menina engravida em idade de brincar com boneca, para de estudar para cuidar do bebê que já nasce com o futuro comprometido pelo despreparo da mãe, pelas dificuldades financeiras dos avós que o acolherão e pelos recursos que terá de dividir com os irmãos.
Na penitenciária feminina, quando encontro uma presa de 25 anos sem filhos, tenho certeza de que é infértil ou gay. Não são raras as que chegam aos 30 anos com seis ou sete. Não fosse o tráfico, que alternativa teriam para sustentar as crianças?
Já escrevi mais de uma vez que a falta de acesso aos métodos de controle da fertilidade é uma das raízes da violência urbana, enfermidade que atinge todas as classes, mas que se torna epidêmica quando se dissemina entre os mais desfavorecidos. Essa afirmação causa desagrado profundo em alguns sociólogos e demógrafos, que a acusam de forma leviana por não se basear em estudos científicos. Afirmam que a taxa de natalidade brasileira já está abaixo dos níveis de reposição populacional.
É verdade, mas não é preciso pós-graduação em Harvard para saber que as médias podem ser enganosas. Enquanto uma mulher com nível universitário tem em média 1,1 filho, a analfabeta tem mais de 4. Enquanto 11% dos bebês nascem nas classes A e B, quase 50% vêm da classe E, com renda per capita mensal inferior a 75 reais.
De minha parte, acho que faz muita falta aos teóricos o contato com a realidade. Há necessidade de inquéritos epidemiológicos para demonstrar que os cinco filhos que uma mulher de 25 anos teve com vários companheiros pobres como ela, correm mais risco de envolvimento com os bandidos da vizinhança do que o filho único de pais que cursaram a universidade? Convido-os a sair do ar condicionado para visitar um bairro periférico de qualquer capital num dia de semana, para ver quantos adolescentes sem ocupação perambulam pelas ruas. Que futuro terão?
A falta de acesso ao planejamento familiar é a mais odiosa de todas as violências que a sociedade brasileira comete contra a mulher pobre.
Fonte: Leonardo Araújo

É possível evitar o câncer

Um estudo publicado na revista Science Translational Medicine, em 28 de março, faz uma revisão de dezenas de outras pesquisas sobre as causas dos tumores mais comuns que afligem a humanidade e conclui que mais da metade deles pode ser evitada. O principal pesquisador do estudo, o Dr. Graham Colditz, professor da Faculdade de Medicina da -Universidade de Washington e diretor de Prevenção e Controle do Centro do Câncer Siteman, em Saint Louis, afirma que está na hora da ciência colocar todo seu conhecimento já adquirido em ação para implantar medidas preventivas que podem reduzir a incidência de câncer na humanidade.
Leia também:Hospitais públicos: TCU investiga 17 empresas suspeitas de fraudes em licitaçõesTumor na laringe: Curado, Lula faz agradecimento e anuncia volta à políticaPrevenção: Como evitar o câncer de intestino
De acordo com o estudo, o que já sabemos sobre estilo de vida e costumes, como tabagismo, dieta e exercícios, tem relevante papel no desenvolvimento de vários tipos de câncer e se conseguirmos de alguma maneira mudar nossos hábitos, mesmo que de maneira forçosa, vamos nos livrar de boa parte deles. O fumo, por exemplo, provoca mais de um terço dos casos de câncer, e a obesidade causa outros 20%. Um estudo feito na Índia, e publicado em março na Lancet Online First pelo professor Prabhat Jha, avaliou as mortes por câncer naquele país em 2010 e concluiu que 42% dos óbitos em homens e 20% em mulheres foram causados pelo fumo.
Os obstáculos para mudarmos isso são vários. O principal é o ceticismo de que o câncer pode ser evitado. Apesar de sabermos que o cigarro é o único causador de 75% dos tipos de câncer no pulmão, é difícil conseguir fazer um fumante parar de fumar ou alguém que nunca fumou entender o cigarro como algo muito perigoso. A dificuldade em se acreditar nisso é de que medidas preventivas, apesar de surtirem efeito imediatamente, demoram um tempo para demonstrar isso. Se abolirmos o fumo hoje, conseguiremos reduzir o tumor que mais mata homens em até 75%, mas esse índice será atingido em 20 anos.
O efeito nas outras doenças crônicas que serão evitadas também ficará bem claro em apenas uma ou até três décadas.
Outro obstáculo é que a ação preventiva em geral é dirigida ao adulto e não ao jovem. Quando ocorre o inverso, o efeito é muito mais eficaz. É o caso da vacinação contra o papilloma vírus, que causa câncer cervical uterino. Se a imunização for feita em meninas antes do início da atividade sexual, é muito melhor e, portanto, mais indicado. Mas poucos pais e governos levam as adolescentes para vacinação.
Outro obstáculo gigantesco é que grande parte dos recursos em pesquisa são gastos na busca do tratamento, e não na prevenção do câncer. Hoje, vale muito mais uma patente na mão do que um Nobel de medicina, mesmo porque não se ganha prêmios Nobel fazendo medicina preventiva. Programas preventivos que salvam milhares de vidas dificilmente são notados pela mídia, mesmo a especializada.
No Brasil, cerca de 300 mil pessoas morrem de câncer ao ano, e mais de 800 mil casos novos aparecem todos os anos. Nossa incidência é proporcionalmente um pouco menor do que nos países desenvolvidos, pois nossa população ainda morre de doenças que já estão sob controle no Primeiro Mundo. Mas aqui, por falta de recurso assistencial, morremos antes pelo mesmo tipo de câncer que os americanos.
Na década de 1990, esperávamos que os seres humanos pudessem nos dias de hoje ter uma expectativa de vida de mais de 120 anos. Isso não aconteceu, principalmente porque não mudamos nossos hábitos. O vício, o sedentarismo e o abuso de calorias na dieta serão por muito tempo nossos maiores algozes.
A coautora do estudo desabafa: “Medidas preventivas são baseadas em mudanças de políticas governamentais, que devem ser implantadas corajosamente. Podemos contar a história, mas se não houver massa crítica suficiente para forçar mudanças continuaremos morrendo à toa”


Postado: Leonardo Araújo

Dieta dos brasileiros tem excesso de gordura saturada



Brasília – Estudo divulgado nesta terça-feira 10 pelo Ministério da Saúde indica que a população brasileira se alimenta de forma inadequada e consome gordura saturada em excesso. Dados mostram que 34,6% não dispensam carne gordurosa, enquanto 56,9% das pessoas bebem leite integral regularmente. Outro fator preocupante é o consumo de refrigerante: 29,8% dos brasileiros tomam a bebida pelo menos cinco vezes por semana.
A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta também que o consumo de frutas e hortaliças no país é baixo. Apenas 20,2% das pessoas ingerem cinco ou mais porções por dia, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o ministério, os homens, sobretudo os mais jovens, alimentam-se pior que as mulheres, já que não costumam tirar a pele do frango ou a gordura da carne vermelha antes de comer. A população masculina chega a consumir quase duas vezes mais carne com excesso de gordura do que as mulheres – 45,9% contra 24,9%.
Leia mais:
Por um ano menos salgadoPegos pelos prazeres da bocaO médico do Brasil
O consumo de frutas e hortaliças também é menor entre o sexo masculino. Apenas 25,6% deles ingerem esses alimentos cinco ou mais vezes por semana. O percentual cai para 16,6% quando considerada a recomendação da OMS. Entre as mulheres, os índices são de 35,4% e 23,3%, respectivamente.
A ingestão de refrigerante também é maior entre a população masculina: 34,3% dos homens tomam a bebida no mínimo cinco vezes por semana, enquanto o percentual entre as mulheres é 25,9%.
Dados da pasta revelam, entretanto, que, com o passar dos anos, o brasileiro tende a diminuir a ingestão de gordura saturada e de refrigerante. Entre homens de 18 a 24 anos, 51% consomem regularmente carne com gordura. O número cai para 27,6% entre aqueles com idade superior a 65 anos.
O grau de instrução também influencia os hábitos alimentares da população – quanto mais anos de escolaridade, mais saudável é a alimentação. Frutas e hortaliças, por exemplo, estão presentes no cardápio de 44,5% dos brasileiros com 12 anos de estudo ou mais. O percentual cai para 27,5% entre pessoas que estudaram no máximo oito anos.
*Publicado originalmente em Agência Brasil.






Postado por: Leonardo Araújo

Viver, morrer, viver de novo!

A vida tem dessas coisas. Parece às vezes que a gente já viveu tudo. Já doou parte de seus dias, pregou a mensagem até no deserto, caminhou mundos e fundos, entregou-se como se mais tempo não houvesse, amou os que ninguém amava.
Você diz coisas fortes, fala verdades. Prega a igualdade. Questiona as leis vigentes. Enfrenta a religiosidade hipócrita. Visita os pobres, acarinha os desprezados pelo poder vigente. Pratica sua mensagem até a última gota.
Arranjou adversários e inimigos. Gente que não gostou de suas palavras e gestos. Você continua a pregar, não deixa de dizer o que pensa. Espreitam-no na esquina, deixam recados por terceiros. Você começa a sentir algum medo. É preciso fazer-se acompanhar pelos amigos mais chegados, cuidar os passos, eventualmente até esconder-se.
Você não é tão novo nem tão velho, mas sente que o dia derradeiro está chegando. Resolve reunir os amigos mais amigos, aqueles aos quais você transmitiu suas verdades mais verdadeiras e a quem abriu de fato seu coração, a quem você pediu para continuarem sua estrada. Você lhes diz que sua hora está aí, na porta, não mais no horizonte. Oferece-lhes a última comida, a última bebida, abençoa e partilha com todos e todas o que há para comer e beber, distribui suas últimas palavras, desejos e sonhos. Pede que não o esqueçam nem abandonem.
Eles, os que não gostam de você, os que não aprovam suas ideias, os que sentem seus privilégios atingidos, o prendem na esquina, na beira de um bosque. Fazem um julgamento de fachada atrás de umas árvores, julgam-no culpado por todos os problemas do mundo. Tentam desmoralizá-lo com calúnias e mentiras. Dizem que você disse ser o salvador da pátria, o redentor de todos os pecados, o julgador de todas as injustiças. Resolvem executá-lo. Jogam seu corpo em cima de um monte de palha, à luz da rua, para que todos e todas saibam que você, renegado, rebelde, insubmisso eterno, está morto, definitivamente morto. Que ninguém vá atrás de você, ninguém o procure nunca mais, tenha a coerência e a hombridade de dizer que foi seu amigo e companheiro ou, muito menos, tenha a coragem de assumir e seguir suas ideias.
Mas você não pode morrer definitivamente ou para sempre. Alguém precisa lembrar-se de suas pregações. Afinal, você não passou pelo mundo para ser um pobre desgraçado morto de quem não se fala mais, que não deixou nada registrado por escrito ou de alguma outra forma. Uma meia dúzia de medrosos, aqueles de sua última janta, anda se esquivando pelas vielas e nas quebradas da noite com medo de aparecer e assumir publicamente que moraram contigo, passearam contigo pelas coxilhas, percorreram favelas, enfrentaram os hipócritas dos templos, confrontaram a teu lado os poderosos de ocasião, beberam tuas palavras, te amaram. Você precisa reaparecer, ser de novo reconhecido, alguém precisa continuar seus passos, trilhar seus caminhos.
Mas quem, quem o fará? Quem terá vergonha na cara e coragem?
Uma mulher, sim, uma mulher terá coragem para proclamar que viu seu corpo, que você continua vivo, e que é preciso seguir em frente, reunir de novo os mais amigos dos amigos, para que cada um deles reúna seus amigos mais amigos, e aí já são dezenas, mais os mais amigos dos mais amigos deles, e aí serão centenas, daqui a pouco milhares ou milhões.
Você está vivo, sua vida não foi em vão. Suas ideias de um mundo justo, de igualdade, de um Reino onde todos e todas são irmãos irmãs, companheiros e companheiras, de um Reino onde a liberdade terá a última palavra, o amor estará acima de tudo não foi enterrado, sepultado, não foi crucificado. A vida continua, assim como o sonho que você plantou. Sua passagem pelo mundo não foi em vão.
* Selvino Heck é Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República.
** Publicado originalmente no site Adital.


Postado por: Leonardo Araújo

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Paixão do Senhor (jo, 18,1 - 19,42)

O relato da Paixão nos coloca em profunda sintonia-oração-meditação com o sofrimento do Servo Sofredor.


Sem abrir mão da fidelidade ao projeto do Paie da defesa dos seus, Jesus foi condenado à morte pela maldade humana.


Sua morte, portanto, não pode ser pesada fora de seu profetismo e de seu empenho na construção do Reino.


Trata-se do amor incondicional e da entrega sem medida a uma causa.


A pergunta que nasce de nossa indignação é:


Onde fica a justiça divina diante da morte do Inocente?


Como Deus respondeu à crueldade da morte de seu Filho?


A resposta a celebramos no domingo da Páscoa. Deus fez justiça ressucitando o seu Filho.

Frei João Fernandes Reinert, OFM
Duque de Caxias - RJ.
´
Postado por: Leonardo Araújo

terça-feira, 3 de abril de 2012

Humanização dos Cuidados

A humanização dos cuidados em saúde nos leva à convicção de que "estar" com o doente pode ser tão ou mais importante que o próprio "curar". Encontrar-se com o outro no calvário de seu sofrimento significa escutá-lo, colhê-lo com suas preocupações, esperanças, dificuldades, com sua história, medos e angústias.

Estabelecer uma relação de igual para igual, centrada na pessoa, reafirmando sua dignidade.

Humanizar consiste em proporcionar uma assistência integral que atenda às necessidades em nível físico, emocional, intelectual, social e espiritual para além da dimensão, biológica.

Em suma, humanizar é ir além de uma mera relação funcional como cuidador e profissional estabelecendo um encontro empático centrado na pessoa.

Léo Pessini, Camiliano
pessini@saocamilo-sp.br

Postado por: Leonardo Araújo