sexta-feira, 4 de maio de 2012

Baixa autoestima e solidão estimulam o vício em internet

                                                                                                                                                                                      Aproximadamente 45 milhões de pessoas são consideradas usuários ativos.

A praticidade e a agilidade proporcionadas pela web provocam, em alguns usuários, o isolamento do mundo real, levando-os a buscar, nos meios digitais e eletrônicos, refúgio para problemas do cotidiano. Pesquisa realizada pelo Ibope, em agosto de 2011, apontou que mais de 45 milhões de pessoas são consideradas usuários ativos da internet. Entretanto, nem sempre este relacionamento é saudável. Com o fácil acesso proporcionado pelo uso de celulares e tablets, por exemplo, o uso da tecnologia surge como um perigo para aqueles que não conseguem se desconectar, por um só minuto, das redes de relacionamento e jogos online.

Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, 10% dos entrevistados referem-se à internet como um meio de conforto e consolo para situações negativas. “Aspectos psicológicos e sociais, tais como a depressão, a solidão, o isolamento e as fobias sociais, são fatores para que o dependente em internet encontre no mundo virtual formas de desabafar, desestressar e conseguir novos amigos”, diz a doutora Dora Sampaio Goes, psicóloga do grupo de Dependência da Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Pessoas com características como timidez e baixa proatividade estão mais suscetíveis ao desenvolvimento deste transtorno. “Grande parte dos viciados é de indivíduos que já apresentam o quadro de alguma doença psiquiátrica, como o TOC ou o déficit de atenção”, informa a especialista.

Relacionamento interpessoal

Em muitos casos, as pessoas colocam em risco seus respectivos empregos e o convívio familiar em razão dos vícios em jogos eletrônicos e internet. Para a psicóloga, negligenciar tarefas do cotidiano para passar mais tempo na web, como deixar de cumprir compromissos, acarreta em prejuízos na vida social da pessoa.

Outra questão é a criação de uma segunda identidade. A fim de esconder características pessoais para impressionar o outro, internautas encontram na virtualidade um campo propício para agir de maneira mais livre do que reagiria pessoalmente. Neste cenário, os meios digitais agregam pessoas que, por vergonha e receio de conversar e expor suas ideias, ou mesmo para enaltecer uma personalidade falsa, sentem-se encorajados em relacionar-se.

Adolescentes e jovens são o perfil mais suscetível aos encantos da internet. Por isso, segundo a doutora Dora Sampaio Goes, os pais devem ficar atentos ao relacionamento dos filhos com as novas tecnologias. “Os pais devem restringir o tempo de uso, propor outras atividades que não são ligadas à internet e ter um relacionamento aberto e franco com o filho para entender qual é o uso que eles fazem desta ferramenta”, reforça a doutora Dora Sampaio Goes.

“Quando se fala em internet, podemos associar ao uso descontrolado e dependência absurda do celular. Qualquer assunto é motivo para se conectar e isto acaba resultando em uma fissura”, diz a psicóloga, acrescentando que o tratamento oferecido pelo Hospital das Clínicas de São Paulo tem abordagem multidisciplinar. “Primeiro é feita uma pré-triagem para detectar os sintomas, em seguida, é realizada uma consulta com o psiquiatra. Após estes procedimentos, é encaminhado ao paciente um plano terapêutico, que pode ser feito individualmente ou em grupo. O tratamento é feito com acompanhamento psicológico e psiquiátrico”, conclui.

* Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.
(Saúde em Pauta)
Postado por: Leonardo Araújo


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