sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A importância do diagnóstico precoce em crianças com doenças cardíacas

Nos casos mais graves, atividades físicas e até videogames que exijam esforço devem ser evitados. Por Fernanda Dias


Eles têm apenas algumas horas de vida, mas possuem um grande desafio a curto prazo. Os bebês com níveis mais graves de cardiopatia congênita já nascem precisando de algum tipo de intervenção cirúrgica para sobreviver. Só no Brasil, eles somam aproximadamente 21 mil recém-nascidos, dos quais 6% morrem antes de completar um ano. Os problemas cardíacos em crianças podem matar ainda mais se não forem diagnosticados e tratados a tempo. A grande dificuldade, segundo especialistas ouvidos pelo Opinião e Notícia, é convencer pais e pediatras da importância de exames nessa etapa da vida.

Para a cardiologista infantil e fundadora do Pro Criança Cardíaca, doutora Rosa Célia Barbosa, os testes devem começar já a partir dos sete anos. Segundo ela, os exames que a criança deve fazer nessa idade incluem eletrocardiograma, ecocardiograma, lipidograma e o teste ergométrico:

“Já avaliamos 1.200 crianças entre 7 e 18 anos e vimos que mais de 50% delas têm lipidograma alterado. No futuro, se isso não for tratado, elas podem virar adultos com doenças como hipertensão, diabetes e até mesmo terem um acidente vascular cerebral”, explica Célia.

Segundo o cardiologista Fernando Cruz, do Instituto Nacional de Cardiologia, é recomendável ainda se realizar um check-up antes de a criança ou o adolescente iniciar qualquer atividade física, de escolinha de futebol a aulas de educação física no colégio.

“O atestado de liberação para atividade física deve ser um pré-requisito para o aluno. Ele deve conter o tipo de exercício ou de esporte e a carga que a criança pode fazer”, disse Cruz.

Além das causas congênitas, que são a maioria dos casos, as cardiopatias em crianças podem estar ligadas a síndromes como Down, na qual cerca de 50% dos portadores apresentam problemas cardíacos. As cardiopatias também podem ser adquiridas após doenças como febre reumática e a síndrome de Kawasaki, que inicialmente simula uma virose.

Os pais devem ficar atentos a sintomas como cansaço, resfriados e pneumonias frequentes, além da dificuldade em ganhar peso. Outros indícios são lábios e extremidades arroxeados ao praticar alguma atividade física.

Os cuidados no dia a dia dos pequenos e o tratamento adequado vão variar de acordo com a gravidade do problema no coração. Segundo Fernando Cruz, que também é especialista em morte súbita, até mesmo alguns videogames ou equipamentos eletrônicos que estimulam o movimento intenso podem ser perigosos. De acordo com o especialista, se usado por horas consecutivas, esses jogos podem aumentar o estresse infanto-juvenil e permitir o descontrole da frequência cardíaca, contribuindo para a sobrecarga do coração:

“Crianças que têm doenças cardíacas ou arritmias mediadas por adrenalina devem evitar jogos que produzam estresse, inclusive brinquedos em parques temáticos como montanha russa e de queda livre”, explica Fernando Cruz.

Para os pais, frear o ímpeto das crianças não é uma missão fácil. A psicóloga do Espaço Trocando Ideias Ana Franqueira defende que, nesses casos, que envolvem questões de saúde, não se deve negociar.

“A criança não é capaz de escolher o que é melhor para ela. O que percebemos é a dificuldade dos pais, principalmente nessa situação específica, de colocar limites. Muitas vezes, eles têm pena de seus filhos, e esse sentimento só atrapalha”, disse Ana.

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br

Postado por: Leonardo Araújo

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